A União Europeia (UE) na última década assumiu-se como uma força de mediação e do “bem” para os excedentes países do mundo, esta postura é especialmente notável a partir do ano de 2019, quando Ursula von der Leyen assume a liderança, enquanto presidente da Comissão Europeia. Esta liderança vem com um objetivo claro de demonstrar o poder e a presença da Europa, postura bastante notável durante a pandemia da COVID-19, na arena geopolítica mundial, no entanto, é inegável que a Europa perdeu influência a nível geopolítico e económico devido à ascensão de novos focos de influência a nível mundial, como a China.
Como supracitado, foi principalmente a partir de 2019 que houve uma mudança de postura da União Europeia, principalmente perante a influência Chinesa, foi neste ano que a Comissão Europeia, publicou um documento que elucidava as estratégias a serem tomadas, neste mesmo documento a UE rotulava a China como um “parceiro de negociação”, como “competição” a nível económico e igualmente como um “rival sistémico”.
A percepção da União Europeia sobre a China ser um “rival sistémico” influencia não só as suas relações diplomáticas como também com outras nações e esferas de influência, tendo em consideração de que cada vez mais a China está a emergir em vários pontos do mundo como a principal credora e investidora em países em desenvolvimento, sendo também a principal parceira comercial desses países, um exemplo claro são os países africanos, com destaque nos países do Norte de África, tendo em consideração a sua localização geográfica adjacente à Europa.
Fonte: Folha 8
A influência chinesa nos países do Norte de África já não é recente, teve início com o apoio não só ideológico mas também a movimentos de libertação anticoloniais, um exemplo notório foi a China ter sido o primeiro país fora da esfera árabe a reconhecer a Argélia enquanto nação e assim providenciou apoio político e militar, durante a Revolução Argelina, para que fosse levada a cabo a sua independência perante o domínio francês.
O interesse da China nos países do Norte de África e também em países do Médio Oriente, consiste especialmente na relevância de oportunidades económicas, comerciais e estratégias que têm para oferecer à China. Alguns destes países são grandes produtores energéticos, e os que não são, servem como parceiros comerciais, outros, como por exemplo o Egito, têm uma localização estratégica, tendo em consideração que possuem acesso ao Golfo Pérsico e às principais rotas de comércio entre o continente africano e o europeu. É essencial entender que a China através deste tipo de relações comerciais e diplomáticas acaba por conduzir consigo investimento e capital útil para estas regiões em desenvolvimento e em alguns casos, em conflitos, o que irá impulsionar um possível desenvolvimento de infraestruturas e oportunidades. Na Argélia o investimento chinês baseou-se maioritariamente no setor imobiliário e energético, construindo habitação e infraestruturas que facilitassem o tratamento e transporte de matérias-primas do setor energético, como por exemplo, o petróleo e o gás natural. Já em Marrocos e no Egito o investimento chinês focou-se principalmente no desenvolvimento industrial, económico e comercial.
As relações da China com o Egito e a Argélia são caracterizadas por relações diplomáticas e de segurança robustas, enquanto a sua crescente presença em países como Marrocos e Tunísia permanece principalmente económica, comercial e cultural. Na Líbia, devido à instabilidade política e aos conflitos latentes a China suspendeu as suas atividades comerciais e económicas por mútuo acordo continuando a ser bem-vinda caso queira retornar ao país.
Fonte: UNIPA
A localização geopolítica e estratégica destes cinco países nas margens meridionais do Mediterrâneo determina que a presença chinesa continuará a expandir-se, especialmente nos domínios económicos e comerciais. De salientar que as relações da China com estes países são enquadradas pela sua política externa de não interferir em assuntos políticos internos destas nações, assim contrastando com políticas anteriores de parcerias com países ocidentais. Assim sendo, estes cinco países, com as suas devidas diferenças e interesses, têm observado cada vez mais a China como um parceiro alternativo e viável à Europa e aos Estados Unidos da América, levando-os a alargar a sua cooperação e relações com Pequim, não apenas em questões económicas e culturais, mas também quanto à diplomacia e defesa. Todo este cenário apenas traz mais desafios para a União Europeia em relação à possível hegemonia chinesa a nível mundial, tendo em consideração de que a China está cada vez a alargar mais a sua esfera de influência e adaptando-se em termos de política externa.
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