A pequena ilha de Taiwan localizada a este da China possui, hoje, uma das posições mais centrais na balança do poder internacional. Distinguida pelo avanço no ramo tecnológico e no desenvolvimento da sua economia, este tigre asiático pauta a sua política externa por dinâmicas globais entre outros Estados, em que estabelece uma relação de necessidade mútua, e juntamente, enfrentam desafios contemporâneos no seio da sua diplomacia.
Assim sendo, Taiwan possui uma estratégia caracterizada pela sua localização e enquadramento geopolítico. A estratégia é de paridade, consegue-se igualar, em matéria de hard power, à segunda maior economia global, em que estabelece excelentes relações com os parceiros para que, mutuamente, satisfaçam interesses convergentes. O governo de Taiwan, democraticamente eleito, apresenta uma narrativa de enfatizar os valores das democracias liberais, no âmbito da diplomacia pública, que são respeitados e prosseguidos pelos seus aliados.
Já a República Popular da China, com a utilização da “política de uma China”, afirma-se como sendo a única representante legítima da mesma, ao passo que, a República da China (Taiwan), rejeita tal declaração, considera-se independente, e combate a sua influência utilizando várias estratégias. Contudo, a diplomacia de Taiwan é constantemente alvo de ataques não diretos chineses, como a “diplomacia da armadilha da dívida” que serve exclusivamente para aumentar os gastos de Taiwan no ramo da defesa de modo a enfraquecer a sua posição atual na balança internacional do poder. Em suma, a estratégia de Taiwan reflete-se em estreitar relações com as democracias liberais ocidentais, principalmente com os Estados Unidos da América (EUA), que servem como aliados de peso contra as investidas chinesas, servindo de escudo de prevenção de uma futura invasão ao território de Taiwan.
Na diplomacia económica, este tigre asiático, no início da década de 80, com a criação do Parque de Ciência de Hsinchu, iniciou o seu desenvolvimento no setor tecnológico, até se tornar o hub tecnológico mundial, exemplo disso foi a estatística de 2023 sobre o valor dos chips exportados para a china provenientes de Taiwan, em que chegaram aos 47 mil milhões de dólares. Hoje, destacam-se as empresas taiwanesas Foxconn, a produtora dos bens da Apple, e também Acer e Asus que detêm preponderância no mercado tecnológico mundial.
Por conseguinte, com a empresa da mais elevada importância no contexto global, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), Taiwan coloca-se numa posição de extrema vantagem competitiva, ao qual possui o know-how da criação de microchips e semicondutores, que se conflui como tendo mais de metade do mercado em circulação do mesmo, ao passo que é a foundry, ou seja, possui a linha de montagem total, dos semicondutores de todos os produtos da Apple, e também os microchips das placas gráficas da NVIDIA, já esta que, hoje, desfruta do monopólio de I&D em inteligência artificial, à qual todas as empresas utilizam a sua tecnologia, e que baseia a revolução da mesma. Por isso, a TSMC possui uma fatia enorme do mercado de manufatura destes produtos tecnológicos altamente especializados, em que, desde a sua sede, consegue fornecê-los para a construção dos bens de uma multiplicidade de empresas em todo o mundo.
Em seguimento, a China nunca esteve tão afirmada na balança do poder internacional, e tem subjugado o seu poder contra Taiwan, em que consegue manipular todas as suas ações segundo as próprias motivações, e estas motivações passam por reconquistar um território que não considera independente.
Já no âmbito geoestratégico, a localização de Taiwan é importantíssima para a China. Segundo Spykman, os territórios da maior relevância de serem conquistados são os de acesso e conexão da terra com o mar, o Rimland. Esta é a costa da maior zona terrestre do mundo, da Eurásia, local exato onde se encontra a pequena ilha de Taiwan, e de modo a obter acesso ao mar, é necessário possuir o controlo da mesma. E hoje quem possui maior influência sobre este território são os EUA.
Consequentemente, diante da diplomacia pública chinesa, encontra-se o espaço onde reside a possibilidade de esta realizar uma ofensiva ao território de Taiwan, devido à sua importância estratégica na balança do poder internacional no âmbito geoestratégico e absolutismo económico, em que apenas resta entender qual será a resposta dos seus aliados, como o de maior peso, os EUA, e os seus vizinhos Japão, Austrália e Malásia, juntamente com a escalada do conflito, e as possibilidades de resolução do mesmo.
Por isso, a ilha de Taiwan permanece como o divisor de águas para o futuro, visto que: toda a tecnologia produzida na ilha influencia diretamente a economia global; a sua posição no sistema internacional desestabiliza diretamente a liderança da balança do poder; e aquele Estado que conseguir a maior influência e controlo do território, será o impulsionador do próximo império contemporâneo, e consequentemente líder do sistema internacional.
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