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Suécia na NATO- O Casamento Gelado na Defesa Global

Foto do escritor: Nicole GuerreiroNicole Guerreiro




Nos últimos anos, o mundo deparou-se com vários desafios que ameaçam o panorama de segurança internacional, nomeadamente a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, acontecimento que resultou na adesão da Finlândia e da Suécia à NATO e, consequentemente, num aumento das tensões na região nórdica.

Ambos os países apresentaram os seus pedidos de adesão em maio de 2022, por muita insatisfação do Presidente russo. No entanto, enquanto que os seus vizinhos finlandeses aderiram à Aliança Atlântica em abril de 2023, a Suécia deparou-se com um caminho mais complicado devido às reticências e exigências da Turquia e da Hungria, conseguindo apenas tornar-se oficialmente o 32º membro da NATO no dia 07 de março de 2024, quase dois anos após a sua candidatura de adesão.



Membros da NATO (Fonte: Al Jazeera Media Network)

Até então, a Suécia adotava uma política externa de “não alinhamento em tempo de paz” e de “neutralidade em tempo de guerra”, embora esta se tenha revelado mais uma narrativa do que uma realidade, primeiro com a sua integração na União Europeia, em 1995 e, mais tarde, com a assinatura do tratado de Lisboa em 2007 e com a adoção da declaração de solidariedade em 2009. Como país parceiro da NATO, desde 1990, a Suécia cooperou com a Aliança Militar e participou em diversos exercícios e operações lideradas pela mesma, em regiões como o Kosovo, Iraque e Afeganistão. Com o cimentar desta relação, a pergunta que se impõe agora é… O que é que a adesão da Suécia significa para a NATO e vice-versa?

Como referiu o secretário geral da NATO, Jens Stoltenberg, a adesão da Suécia “torna a NATO mais forte, a Suécia mais segura e toda a Aliança mais segura”. Como atual membro da NATO, o país escandinavo está abrangido pelas obrigações de defesa coletiva estabelecidas no artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, o que significa que qualquer ataque contra um Aliado será considerado como um ataque contra todos. Estas medidas fortalecem, deste modo, a segurança do país, oferecendo garantias adicionais contra ameaças externas. Por outro lado, a Suécia participará em iniciativas, atividades e operações da NATO, no âmbito das medidas de dissuasão e defesa, apoiando plenamente a perspetiva de 360º, que defende a preparação da Aliança em todos os domínios- terrestre, aéreo, marítimo, ciberespaço e espacial contra todas as ameaças e desafios.

A Suécia é um país estrategicamente localizado, unindo as áreas do Ártico e do Báltico. Tanto a sua adesão, como a adesão da Finlândia, “tornam a NATO muito mais coerente geograficamente”, garantindo o movimento das tropas aliadas para operações de defesa dos Países Bálticos e para a Polónia, mas também para a defesa dos países nórdicos e do Ártico, região cada vez mais estrategicamente importante para a Rússia e para a China, devido à sua Iniciativa “China’s Belt and Road”. Agora que todos os países que rodeiam o Mar Báltico fazem parte da Aliança Militar, exceto a Rússia, “O Mar Báltico torna-se um lago da NATO”.  Com a Finlândia e a Suécia na NATO, a Aliança irá colmatar a sua lacuna de defesa na importante rota marítima do Norte, deixando a Rússia com acesso e espaço de manobra limitados no caso de um potencial confronto direto.

É neste cenário, que a ilha sueca de Gotland não só se destaca como um importante foco estratégico para a segurança do Báltico, mas também como um ponto de vulnerabilidade. Até agora, os Países Bálticos eram vistos como um calcanhar de Aquiles da Aliança, expostos a ameaças devido ao seu isolamento e dependendo quase exclusivamente da garantia de reforços e abastecimentos através do Suwalki Gap, uma faixa vulnerável entre a Bielorrússia e Kaliningrado. Com a adesão da Suécia, as fronteiras da NATO aproximam-se ainda mais da Rússia, o que significa que caso surja um potencial conflito, a Aliança poderia atingir de forma mais eficaz São Petersburgo e o enclave de Kaliningrado, onde a Rússia possui mísseis Iskander com capacidade nuclear.


Fonte: Financial Times

Não é apenas a sua geografia que beneficia a Aliança, mas também a sua abordagem única em termos de defesa. Apesar de ter uma população de 10 milhões de habitantes e de ter gasto no ano passado apenas 1,54% do seu PIB em defesa, algo que deverá ser aumentado para 2%, como recomenda a NATO, a Suécia apresenta-se na realidade como uma pequena potência militar, com um complexo militar-industrial de classe mundial. O país herda um grande passado naval, adquirindo a terceira maior marinha do Mar Báltico, depois da Rússia e da Alemanha, tendo experiência em operar tanto nas e sob as águas do Báltico. Em termos de aeronaves de combate, a Força Aérea Sueca é a maior da região nórdica, equipada com caças Gripen de quarta geração projetadas para responder a qualquer ataque externo, realçando, desta forma, o papel que a Suécia representa e poderá vir a representar na segurança coletiva da NATO.  

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