A República Islâmica do Irão é um dos principais atores no palco mundial, naquilo que podemos chamar um novo “eixo do mal” entre Moscovo, Pequim e Teerão. A ação iraniana tem sido um dos principais fatores da instabilidade na região e até mundial. É importante então analisar as motivações por trás da estratégia adotada pela nação pérsica.
A primeira preocupação do regime de Teerão é a sua segurança, o Irão encontra-se cercado por países que lhe são hostis como a Arábia Saudita, Israel, os Estados Unidos e mais recentemente o Paquistão e o Afeganistão.
O apoio a grupos militantes é uma das estratégias-chave do Irão. Financia, fornece recursos militares e políticos a várias organizações e estados na região, incluindo o Hezbollah no Líbano, milícias xiitas no Iraque, os Houthis no Iémen e ao regime de Bashar al-Assad. Esses grupos atuam como representantes do Irão, permitindo-lhe influenciar os acontecimentos em países vizinhos, contribuindo assim para a instabilidade regional, alimentando conflitos sectários e aumentando a violência.
A política externa iraniana tem contribuído significativamente para a instabilidade e insegurança no Médio Oriente. As ações do Irão, como o apoio a grupos militantes, o desenvolvimento de armas nucleares e a proliferação de mísseis balísticos, intensificam os conflitos sectários, aumentam a violência e promovem a disseminação de armas na região.
As ações iranianas também se estendem à interferência nos assuntos internos de outros países na região, tais como o Iraque e o Bahrein. A violação da soberania desses países contribui para a instabilidade regional.
Uma das maiores preocupações da comunidade internacional é o programa nuclear iraniano, apesar das garantias que o mesmo é para fins civis, há a possibilidade que o objetivo seja na realidade para desenvolver armas nucleares. Em 2015, o Irão assinou um acordo com as potências internacionais que limitava o seu programa nuclear em troca do levantamento das sanções económicas. O acordo está em suspenso desde 2018, quando os Estados Unidos se retiraram do mesmo.
Apesar das sua extensa rede de grupos armados proxy a operar no Médio Oriente, o seu centro de gravidade, o Irão encontra-se isolado da comunidade internacional, fruto das sanções económicas impostas pelos Estados Unidos e a sua política de “pressão máxima”.O isolamento reflete-se na situação interna do país, nos últimos anos o regime autoritário do Ayatollah Khamenei tem enfrentado uma vaga de protestos, que foram prontamente reprimidos. A expansão da influência iraniana na região serve como um contrapeso a essa hostilidade.
A segunda prioridade do regime de Teerão é a exportação da Revolução Islâmica através da promoção a sua ideologia xiita e o modelo de República Islâmica noutros países da região como a Síria e o Iraque, tendo como objetivo afirmar-se como líder natural do mundo muçulmano e contendo a influência de Israel e dos Estados Unidos, apelidados de “Grande Satanás” e “Pequeno Satanás” respetivamente, dada a perceção que são a raiz de todo o mal que assola a região.
A terceira prioridade é a economia, procurando ter acesso mercados regionais, expandir o seu comércio e os investimentos na região. A influência iraniana facilita o acesso a novos mercados e oportunidades económicas, de forma a atenuar os efeitos das sanções impostas pelos Estados Unidos na sua estratégia supracitada.
Os interesses do Irão na região são complexos e multifacetados. A busca por segurança, a promoção da ideologia e o desenvolvimento económico são os principais motores da política externa iraniana. A influência do Irão na região tem um impacto significativo na geopolítica do Oriente Médio, gerando conflitos, instabilidade e competição regional.
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