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Quando Irmãos discutem: Uma Análise nas relações entre as duas Coreias

Foto do escritor: Gustavo BarrosGustavo Barros

De forma a entender melhor a atual situação nas relações entre as Coreias será necessário entender de que forma as relações entre os dois se desenvolveram no pós Guerra Fria, como estão agora e de que forma poderão desenvolver-se dentro da atual conjuntura política externa.


Após o colapso da União Soviética em 1991, a Coreia do Norte, teve que reavaliar a sua abordagem de política externa no que concerne à reunificação da Península Coreana. Esta reunificação, nos olhares da elite governativa norte-coreana, seria liderada pelo Norte, como forma de libertar o Sul oprimido pelos EUA. Desta forma na viragem do século XX para o século XXI realizaram-se as cimeiras Inter-Coreanas onde foram, pela primeira vez, discutidas novas formas de cooperação regional nas áreas da economia à defesa, como é o caso dos levantamentos de restrições de circulação entre os países, investimentos históricos com a estância turística de Kumgang e o complexo industrial de Kaesong, assim, logo nos primeiros anos do Século XXI foram realizados os dois investimentos históricos por parte da Coreia do Sul ao seu vizinho a norteEstes dois investimentos foram fulcrais para o desenvolvimento econômico da Coreia do Norte, bem como, era uma nova aproximação entre dois países irmãos divididos por matizes ideológicos, estes investimentos significaram um acréscimo de 55 mil postos de trabalho para a Coreia do Norte com a construção do Complexo Industrial de Kaesong, onde neste complexo representava cerca de 125 empresas sul coreanas, e a estância turística do Monte de Kumgang onde cerca de 2 milhões de turistas sul coreanos permaneciam.

 Contudo, devido a um elevar da tensão regional entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul foram vários os projetos de investimento que foram cancelados, no caso da estância turística esta foi cancelada em 2008 quando um turista sul coreano foi morto por guardas norte coreanos, e em 2016 a Coreia do Sul encerrou o complexo industrial de Kaesong, visto que, segundo a própria as receitas provenientes do complexo eram utilizados para o avanço e manutenção do programa nuclear norte coreano.

Para além da continuidade do programa nuclear norte coreano tem se verificado uma escalada do mesmo desde o ínicio da administração de Donald Trump na Casa Branca, neste caso, observa-se uma Coreia do Norte mais aguerrida com o lançamento de diversos dispositivos ICBMS (mísseis intercontinentais) para o Mar do Japão, pondo em risco a soberania dos Estado do Japão e da Coreia do Sul, como tal, a Coreia do Norte na última Assembleia Suprema do Povo realizada este ano desvinculou-se de aspirações de reunificação da Península Coreana denunciando o regime sul coreano. Desta forma as agências norte-coreanas empregues para cooperação econômica entre os dois países foram desmanteladas bem como o tratado de restrição militar assinado em 2018 entre os dois países, este tratado visava uma restrição da presença de forças militares na Zona Desmilitarizada.

Em adição a uma escalada de tensão por parte da Coreia do Norte observa-se que por parte da Coreia do Sul existe igualmente uma escalada de tensão. Ao observar a escalada de tensão na região os sul coreanos intensificaram manobras de exercício militar com os seus parceiros estratégicos, nomeadamente, EUA e Japão, para além disso, são várias as ONGs sul coreanas que através do recurso a balões espalham propaganda anti-regime sob o território norte coreano, em adição, é necessário de recordar a utilização por parte do governo de Seul a uma estrutura de megafones na ZMD (Zona Desmilitarizada) onde é distribuída propaganda anti-regime

Um dos sinais mais claros do retrocesso no processo de reunificação entre os dois países irmãos assinalou-se com o derrube do Arco da Amizade entre as duas nações, onde demonstravam duas mulheres com trajes tradicionais da Coreia do Sul e da Coreia do Norte juntas, esta ação, de acordo com as autoridades norte coreanos, vem a demonstrar o desgosto que o líder norte coreano tem com o seu principal inimigo, a Coreia do Sul.

Deste modo, remete-se para a seguinte pergunta: é possível uma reunificação pacífica da Península Coreana? Devido aos sinais demonstrados acima no presente artigo, considera-se que essa possibilidade não se verifica, para além disso, para a eventualidade de uma de-escalada de tensão na região terão que ser realizadas várias concessões de e para ambas as partes envolvidas.





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