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Próxima paragem: Moldávia

Foto do escritor: Tomas SantosTomas Santos

O conflito entre Moldávia e Rússia persiste desde antes da desintegração da união soviética, este é um conflito marcado pela tentativa de proclamação de independência por parte da região da Transnístria, uma região separatista pró Russa, que se situa na fronteira entre a Moldávia e Kiev. Esta região foi profundamente marcada por diversas questões políticas, económicas e por tensões étnicas.

Com uma economia profundamente ligada a negócios ilícitos, desde contrabando de armas a trafico de droga, a Transnístria, que fazia parte da República Socialista Soviética da Moldávia, proclamou unilateralmente a sua independência em 1990 começando um conflito armado entre forças separatistas e o governo moldavo, conflito este que só viria a alcançar um cessar-fogo em 1992 deixando na história um legado de tensões na região, centenas de mortos e a intervenção do exército Russo.


Manifestação na Moldávia contra a influencia Russa na região da Transnístria.


A partir dai a região ficou profundamente marcada, ao contrário da Moldávia, manteve o alfabeto cirílico, a sua própria moeda e as suas forças de segurança, para além disso todos os seus “presidentes” eram pró Russos. O impacto deste conflito nesta região sente-se em todos os campos da sociedade, economicamente tem um vínculo inquebrável devido à oferta de gás natural por parte da Rússia, socialmente, de acordo com um referendo não reconhecido internacionalmente feito em 2006, 97,1% da população está a favor da anexação do território por parte da Rússia, sendo que, apesar do seu capitalismo desenfreado, a Transnístria mantem-se um museu ao ar livre da era soviética.

Atualmente a Transnístria considera-se uma entidade independente, apesar de não ser reconhecida como tal, sendo que legalmente são considerados parte da Moldávia, embora tenham as suas próprias instituições governamentais.

Desde o início da invasão Russa da Ucrânia em 2022 que surgem regularmente especulações sobre a utilização do território da Transnístria para abertura de uma nova frente em direção ao grande porto Ucraniano de Odessa, sendo que em setembro de 2023 foram detetados pedaços de míssil nesta região separatista. Embora a Moldávia já ter recebido o estatuto de candidato à entrada na EU em junho de 2022 Moscovo tenta não perder a sua influência na região influenciando e desestabilizando este pais que já esteve na sua zona de influência. Por outro lado, os separatistas pró russos acusam Kiev de querer atacar o seu território, depois de, segundo os líderes deste estado autoproclamado, um ataque falhado em março de 2023. Moscovo mantem até hoje 1500 soldados na Transnístria.

Cada vez mais os habitantes Moldavos sentem o medo da invasão Russa, apesar da baixa probabilidade de esta acontecer de acordo com o primeiro ministro moldavo Mihail Popșoi. Embora Popșoi tente apaziguar a situação, à parte da região da Transnístria, o medo cresce e é fomentado pelo governo Russo, que acusa, através do seu ministro dos negócios estrangeiros Sergey Lavrov, a Moldavia de tentar seguir os passos do regime de Kiev ao apagar do seu território toda a influência Russa, inclusive a sua língua que é falada por uma parte significante do povo Moldavo. Situação esta que Popșoi reitera e diz não haver intenção de mudar. Enquanto isto os líderes da Transnístria pedem a Moscovo para os protegerem da pressão por parte do governo.


Bandeira da Transnístria acompanhada da bandeira Russa


Esta não é a primeira vez que a Rússia tenta desestabilizar a Moldávia e não será a última, as ameaças constantes são mais prováveis de ser parte de uma operação psicológica feita para dividir o povo Moldavo e minar as negociações do pais para se unir à EU, sendo que a Rússia não precisa de enviar forças militares para criar o caos na região, as guerras internas podem operar por si.

Para tentar contrariar este processo, a 7 de março de 2024, a Moldávia assinou com a França um acordo de defesa conjunta, alertando para uma renovação de esforços da Rússia que se não for parada vai continuar a avançar, mesmo após passar a Ucrânia. Esta visita de Maia Sandu a Paris também ficou marcada pela assinatura de um novo mapa económico, que pretende fortalecer os antigos países soviéticos da crescente desestabilização por parte da Rússia. Também foi falado de possíveis contratos de compra de armas para a Moldávia e de uma missão francesa de defesa a Chișinău que acontecerá no verão.

Apesar de a Rússia ser considerada como a maior ameaça à Moldávia pelo documento aprovado de entrada na UE, Ilan Shor, anunciou a criação da coligação vitória que ira concorrer às eleições gerais e fazer campanha contra o referendo de entrada na EU, ambos previstos na mesma data. Ilan garantiu que chegou a hora de vencer as políticas do governo que levam ao desastre do pais, acrescentando que “O caminho louco rumo à integração europeia é um caminho para lugar nenhum”, para além disso criticou as políticas pró-europeias afirmando que o país esta “sequestrado”. Se a população aprovar a adesão terão de ser feitas diversas alterações constitucionais, que garantirão a irreversibilidade da integração deste bloco, algo que provavelmente criara conflitos internos e externos.

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