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Paz em Pedaços: O Quebra-Cabeças da Ineficácia da Paz na Colômbia

Foto do escritor: beatrizccapelobeatrizccapelo


A guerra civil na Colômbia, um conflito intrincado e protraído, desencadeou um espectro de consequências deixando margas de larga escala na sociedade colombiana. Em 52 anos de violência e tumulto, 200 mil vítimas mortais, 80 mil desaparecidos e 6,6 milhões de refugiados. A caracterização da Colômbia após o acordo de paz é certa, a esperança e o ódio mantêm-se presentes.

O conflito civil colombiano apresenta a oposição do Estado colombiano e diversas fações guerrilheiras de viés esquerdista, notoriamente as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Exército de Libertação Nacional (ELN). Este embate emergiu numa permanência de profundas desigualdades sociais, políticas e económicas enraizadas na estrutura da sociedade.

Ao longo de décadas, as guerrilhas contestaram o governo central em prol de reformas agrárias, justiça social e a ampliação da participação política para as camadas marginalizadas da população. Todavia, o conflito foi marcado por sistemáticos abusos aos direitos humanos perpetrados por todas as partes envolvidas, incluindo massacres, sequestros e ataques a civis, violações e mutilação genital feminina

A complexidade do conflito foi agravada pela presença de grupos paramilitares de orientação direitista, frequentemente vinculados a interesses políticos, empresariais e ao narcotráfico, os quais entraram em confronto tanto com as guerrilhas quanto com o Estado.


Os processos de paz na Colômbia representam uma empreitada complexa e abrangente, caracterizada por uma série de tentativas intermitentes de alcançar uma resolução negociada para o conflito armado. Desde 1980, vários esforços foram direcionados à negociação entre o Estado colombiano e as diversas fações insurgentes, notadamente as FARC e ELN.

Um ponto de inflexão crucial foi o estabelecimento do processo de paz entre o governo colombiano e as FARC, que culminou no histórico Acordo de Paz de Havana, assinado em 2016. Este pacto abordou uma ampla gama de questões, incluindo a reforma agrária, participação política, narcotráfico, justiça transicional e reintegração de ex-combatentes.

Atualmente, o processo de paz na Colômbia está confrontado com uma série de impasses que têm comprometido sua eficácia e implementação integral. Após a ratificação do Acordo de Paz de Havana entre o governo colombiano e as FARC, previa-se um período de transição para a paz. Contudo, diversas barreiras têm emergido, minando o progresso do acordo.


Uma das principais dificuldades reside na concretização insuficiente dos compromissos delineados no acordo. Tópicos como a reforma agrária, a reintegração de ex-combatentes, a erradicação de cultivos ilícitos, a justiça transicional e a proteção de líderes sociais têm avançado com morosidade, deparando-se com obstáculos políticos e burocráticos.

Adicionalmente, o processo de paz com o ELN permanece inconclusivo, com negociações interrompidas e sem perspectivas claras de retomada. Discrepâncias ideológicas, desafios de segurança e dificuldades em estabelecer um diálogo construtivo têm contribuído para este impasse.

A persistência da violência em determinadas regiões do país, atribuída a grupos dissidentes das FARC, organizações criminosas e outros elementos armados, também representa uma considerável barreira à consolidação da paz. A deficiência de controle estatal nessas áreas dificulta a efetiva implementação das políticas de segurança e reintegração.

Além disso, a polarização política e social na Colômbia tem instigado um clima de desconfiança e antagonismo, obstruindo a possibilidade de consenso e cooperação entre diferentes atores políticos e sociais no que tange ao processo de paz.

Assim, embora o Acordo de Paz de Havana tenha representado um marco histórico para a Colômbia, a plena materialização tem sido obstruída por uma série de desafios complexos e multifacetados, demandando um compromisso renovado e uma abordagem coordenada para superá-los.

Desde a ascensão do Presidente Ivan Duque ao cargo máximo na Colômbia, uma série de preocupações têm emergido, envolvendo relatos de perseguições políticas e um aumento significativo na violência, caracterizada por assassinatos de líderes sociais, sindicais, estudantis e camponeses, bem como a ocorrência de vários massacres que resultaram em um elevado número de vítimas.

A ausência de pronunciamentos ou ações concretas por parte das organizações internacionais diante desta situação de instabilidade merece atenção e análise aprofundada.

Diante desses desdobramentos, é imperativo dirigir questões específicas à União Europeia, exortando seus Estados Membros a intensificar esforços diplomáticos junto às autoridades colombianas com o propósito de assegurar a plena implementação e observância dos compromissos firmados nos Acordos de Havana entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e o Governo da Colômbia. Além disso, urge uma investigação detalhada sobre a alocação e utilização dos recursos financeiros mobilizados pela UE para a Colômbia, destinados a apoiar a implementação do Acordo de Paz.

Adicionalmente, é pertinente abordar questões de cunho socioeconômico e relacionadas à segurança que se colocam diante da Organização das Nações Unidas. Isto inclui investigar a atuação da ONU em relação à situação de extrema pobreza que permeia a sociedade colombiana, bem como compreender o timing e a abordagem adotada pela organização no combate à posse ilegal de armas e ao tráfico de drogas, fenómenos arraigados na estrutura social colombiana.

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