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Navegar em Águas Turbulentas: A Relação da Austrália entre a China e os EUA

Foto do escritor: Vasco RamalhoVasco Ramalho


Atualmente a região Indo-Pacífico encontra-se em um momento de grande tensão e de incerteza. Com a ascensão da China como potência global e a rivalidade que se tem vindo a acentuar entre a mesma e os EUA, tem colocado a Austrália em uma posição muito delicada, devido aos fortes laços históricos e económicos com os EUA, mas também com a grande relação comercial, que tem crescido, com a China, sendo um dos seus principais parceiros comerciais. O que tem levado a Austrália a navegar entre estas duas potências com muita precaução.

Com o desenvolver destas relações, a Austrália tem encontrado grandes desafios como equilibrar os seus interesses com a China e os EUA, devido à aliança de segurança, como por exemplo o  “AUKUS”, que tem com os EUA e os seus laços económicos com a China, visto que estas duas potências competem por a influência na região do Indo-Pacifico. Mais recentemente tem surgido problemas como “a profunda degradação no ambiente de segurança no Indo-Pacífico” e a assertividade que a China tem feito na região do Indo-Pacifico, como atividades militares no Mar do Sul da China, a pressão económica sobre os seus países vizinhos e a interferência na política interna de vários países tanto como da própria Austrália. Devido a estas circunstâncias a Austrália tem encontrado grandes desafios na forma em como manter relações estáveis com estas duas grandes potências, de forma a não ser prejudicada na ordem internacional e no Indo-Pacífico, tornando a sua dinâmica particularmente complexa e desafiadora.

Primeiro-Ministro australiano, Anthony Albanese, o Presidente dos EUA, Joe Biden, e o Primeiro-Ministro britânico, Rishi Sunak, discursam em San Diego, Califórnia, em março de 2023 (Fonte Imagem: CNN Portugal)

Em 2021 foram celebrados os 70 anos da aliança entre os EUA e a Austrália,  “ANZUS Treaty”, que inicialmente era formado por os EUA, a Austrália e a Nova Zelândia, sendo que atualmente apenas pertencem os EUA e a Austrália. Com esta aliança a Austrália tornou-se um grande aliado dos EUA principalmente quando se refere à região do Indo-Pacifico. Apesar de nos últimos anos, principalmente quando Trump era presidente dos EUA, a Austrália foi deixada de parte nos planos do mesmo, o atual presidente Biden, quis mudar essa dinâmica de forma a fazer frente à China no espaço do Indo-Pacifico, e juntamente com o Reino Unido e a Austrália foi feito o “AUKUS”, uma colaboração de defesa feita por estes 3 países, de forma a partilharem equipamentos militares, uma maior cooperação e partilha de informação e em grande destaque, a partilha de submarinos nucleares armados, de forma a estabelecer uma nova ordem na região, fortalecendo ao mesmo tempo os EUA pois estão a fortalecer os seus aliados, como a Austrália que fortaleceu o seu poder militar podendo se impor e fazer frente à China que tem mostrado uma postura mais agressiva na região.

Com estes acontecimentos a relação da Austrália e da China, foi-se deteriorando, pois em Pequim mostraram o seu descontentamento com esta colaboração, onde foi dado poder nuclear a uma potência muito perto de si de forma a lhe fazerem frente, e ainda quando a Austrália pediu para ser feito um inquérito para se saber a origem da pandemia do Covid-19, com isto a China fez o tratamento do silencia a Camberra e ainda impôs restrições punitivas a muitas exportações australianas, aparentemente como resposta a estes eventos. Como forma de atenuar estas sanções e reparar os laços com a China,  Anthony Albanese, atual Primeiro-ministro da Austrália, antes da sua visita a Pequim o ano passado, excluiu a possibilidade de cancelar o contrato de arrendamento do porto de Darwin, estrategicamente relevante para uma empresa chinesa, de forma a agradar Pequim, e de forma a reduzirem as restrições que impuseram no comercio pois trouxe vários problemas aos produtores australianos, pois a China era um dos maiores importadores de produtos australianos.

No futuro esta relação entre a Austrália e estas duas grandes potencias, como podemos ver pode trazer grandes desafios, mas também grandes benefícios à Austrália. Mas cada vez mais difíceis de solucionar pois ambos os EUA e a China querem ser tornar as potencias com mais influencia e a Austrália acaba por se encontrar no meio e possivelmente ter de escolher um lado, e poderá sofrer grandes consequências, então a diplomacia externa da Austrália tem de ser feita com grande consideração de forma a não perder influência e a sua posição na região do Indo-Pacífico.



Referencias adicionais:

A. Grieco, K., & Kavanagh, J. (s.d.). America Can’t Surpass China’s Power in Asia. Foreign Affairs. https://www.foreignaffairs.com/united-states/america-cant-surpass-chinas-power-asia

Marsh, N. (2023, 3 de novembro). China and Australia: Frenemies who need each other. BBC Home - Breaking News, World News, US News, Sports, Business, Innovation, Climate, Culture, Travel, Video & Audio. https://www.bbc.com/news/business-67305453

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