Foi em 1960 que os EUA impõem as primeiras sanções a Cuba, sob a presidência de Dwight Eisenhower, este surge devido ao confisco dos ativos norte-americanos em Cuba, por ordem de Fidel Castro. Em 1961, quem presidia os EUA era o presidente Kennedy, tendo este imposto o embargo total e declarou que era ilegal qualquer produto de origem cubana nos EUA, não contente declarou ainda um conjunto de restrições às exportações das empresas norte americanas em Cuba. Como forma de justificação foi utilizada a Lei de Comércio com o Inimigo, que surgiu durante a Primeira Guerra Mundial, e a Lei de Assistência Exterior, que evita o acesso a fundos de ajuda internacional por parte de Cuba.
Fonte: Carlos Latuff/Opera Mundi
Já no ano de 1992, após a queda da União Soviética, foi aprovada a Lei Torriecelli, esta tinha como objetivo impedir a cooperação, entre empresas dos EUA que exercessem noutros países, com Cuba. Em 1996 começam os primeiros passos para uma tentativa de cessar as tensões, com a lei Helms Burton, que para além de reforçar o embargo e as restrições vem também contemplar as primeiras condições para a suspensão do embargo. Estas condições passavam, nomeadamente, pela implementação de um governo de transição para que existisse a suspensão de algumas das restrições impostas, ou pela eleição democrática de um governo para que fossem retiradas todas as sanções.
Desde 1992, até à atualidade, que as Nações Unidas pedem aos EUA que termine com as sanções a Cuba. Recentemente numa Assembleia Geral das Nações Unidas realizou-se uma votação em que 187 votos se revelaram a favor do fim do embargo, sendo que apenas os Estados Unidos da América e Israel votaram em sentido negativo e a Ucrânia preferiu abster-se, porém esta é uma decisão não vinculativa, não tendo surtido qualquer efeito. Em 2016, chegou mesmo a acontecer os Estados Unidos da América absterem-se na votação sobre o próprio embargo a Cuba.
O embargo trouxe vários impactos para o país, como implicações económicas, devido às restrições comerciais que afetaram a agricultura, a industria farmacêutica e o turismo, acresceu-se também a dificuldade na importação de produtos alimentares, afetando isto a qualidade de vida da população. Embora inicialmente o objetivo do embargo fosse uma resposta à nacionalização de empresas americanas que estivessem em Cuba, com o passar do tempo tornou-se uma forma de pressão, impedindo-lhes o acesso ao comércio mais importante a nível mundial, assim como aos benefícios de utilizar o sistema financeiro que é utilizado nos Estados Unidos da América. Cuba decresceu bastante devido ao embargo, entre 1990 e 1994 houve uma queda do PIB de 36%, já no que diz respeito às exportações estas caíram 80% e 73% para as importações, estas estatísticas mostram a perda de poder de compra no mercado mundial. Outro grande problema tem sido o défice na balança comercial, que apesar dos subsídios da URSS para tentar amenizar os efeitos mesmo assim constituiu um grande entrave para o país.
Durante o período especial em tempos de paz, termo utilizado pelo governo de cuba para definir o espaço de tempo entre 1990 e 2005, ocorreu toda uma mudança na estrutura económica do país, devido à necessidade de abertura da mesma à iniciativa privada, tendo a produção de açúcar deixou de ser o fator principal da economia de cuba, tendo sido ultrapassado pelo turismo. Existiu uma afluência das grandes cadeias hoteleiras europeias, tendo isto resultado num aumento do mercado de trabalho nestas áreas e noutras como guias ou motoristas. Porém nem tudo foi bom pois também ocorreu um grande acréscimo da prostituição que tinha sido erradicada pelo regime. Durante este período também foram criadas diversas empresas familiares e pequenos negócios na área do turismo e de serviços de táxis, tendo isto levado a uma taxa de 25% de população empregada no setor privado.
As novas gerações de cidadãos cubano americanos divergem dos mais velhos em pontos cruciais da agenda política, sendo que cerca de 53% destes é favorável a terminar com o embargo, contra apenas 30% dos mais velhos que se mostram contra o término do mesmo muito devido ao facto destes terem vivido a sua adolescência em tempos de revolução com memorias ambíguas no que toca ao regime socialista. Fonte: Mises Brasil
O futuro é incerto e o estado do país e do embargo irão estar dependentes da vontade política do Estados Unidos e de uma série de outras variáveis económicas e sociais, existindo a possibilidade de uma continuidade do Status Quo. Caso não exista uma vontade dos Estados Unidos de suspender as sanções aplicadas, a possibilidade mais plausível é uma abertura gradual das restrições comerciais e financeiras que ocorreria através de negociações bilaterais, porém com a imprevisibilidade do mundo e da política torna-se bastante difícil construir alguma previsão daquilo que virá para Cuba e para os Cubanos. Existem académicos que defendem que o mundo se encontra-se a enfrentar uma onda de "desdemocratização", com o crescimento de partidos de extrema direita que penetram as democracias com populismos. Com um estado tão incerto para o mundo é difícil garantir que os países irão continuar a pressionar os EUA através da ONU, sendo que nem as suas próprias democracias estão seguras.
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