Fonte: A Gazeta
Em fevereiro de 2022, a Rússia empreende uma invasão à Ucrânia. Passados dois anos, o conflito persiste, marcando o maior confronto no continente europeu desde a Segunda Guerra Mundial. Embora se verifique uma ambiguidade de opiniões quantos às dimensões exatas do embate, alguns consideram um possível desdobramento de uma Segunda Guerra Fria, enquanto outros minimizam tal perspetiva. Contudo, é consensual que a cena global se tornou substancialmente mais insegura desde o dia 22 de fevereiro de 2022, quando as tropas russas adentraram o território ucraniano. Até o momento presente, não se verificam indícios de um possível fim para o conflito. Se, por um lado, a Rússia não se mostra disposta a possibilitar a paz, a Ucrânia, por sua vez, não admitirá a perda das suas fronteiras internacionais.
Após o rebentar da invasão, a Ucrânia logrou o recuo das forças russas, mas enfrenta, atualmente, um impasse militar. O país se tem deparado com os russos fortificados, enquanto carece de munição. Embora tenha sucedido em prol da vida dos soldados ucranianos, a retirada das tropas ucranianas de Avdiivka foi tida como uma vitória russa, possibilitando invasões em maior escala a partir de tal posição estratégica. Hoje, a ocupação russa abrange quase 20% do território ucraniano, abrangendo a península da Crimeia – anexada em março de 2014 – e uma parte significante das regiões de Donetsk e Luhansk, no leste, que foram tomadas pela Rússia logo em seguida. A invasão também desencadeou um aumento exponencial no número de refugiados e emigrados ucranianos. Desde 2022, ao menos 10 milhões de ucranianos deixaram o país, estando 6,4 milhões refugiados no estrangeiro. Dentre os principais países de acolhimento, destaca-se a Alemanha, com 1,1 milhões de ucranianos, a Polónia, com 957 000, e a República Checa, com 376 000.
Fonte: Statista (dados retirados do Instituto Kiel)
Felizmente, as ajudas oferecidas à Ucrânia têm sido consideráveis. A nível financeiro, a União Europeia assentiu um pacote de ajuda de 54 mil milhões de dólares, em fevereiro deste ano. Ao longo destes dois anos, foram disponibilizados cerca de 90 mil milhões de dólares em auxílio militar, financeiro e humanitário. Os Estados Unidos da América, por sua vez, já contribuíram com 72 mil milhões de dólares. Em março de 2024, o Senado autorizou o envio de mais 300 milhões de dólares. Ademais, a Alemanha e a Grã-Bretanha também se destacam como principais países doadores. Todavia, com a aproximação das eleições americanas, existem preocupações sobre uma possível redução do apoio dos EUA, no caso do regresso de Donald Trump à presidência da república.
Em contrapartida, uma série de sanções por parte da UE, dos EUA e do Reino Unido já foram aplicadas contra a Rússia. Dentre elas, medidas restritivas específicas, sanções económicas, ações diplomáticas e medidas associadas a vistos. O alvo das sanções vai de encontro a indivíduos envolvidos no apoio, financiamento ou atos que ponham em causa a integridade territorial, a soberania e a independência da Ucrânia. A título de exemplo, restrições à exportação para empresas ou cidadãos russos, congelamento de bens e a proibição de entrada no Reino Unido. Não obstante, países como a Austrália, Taiwan e Japão, também anunciaram sanções.
A Ucrânia, atualmente, apresenta-se como país candidato a aderir à União Europeia. Como afirmado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, este é, porém, um processo que requer um financiamento adequado. Para tal, A UE propõe um pacote de 50 mil milhões de euros através de um quadro financeiro plurianual. Estima-se ainda, que esta adesão pode custar entre 110 e 136 mil milhões de euros ao orçamento da UE, num período de sete anos. Quanto aos objetivos de Putin, o historiador José Milhazes argumenta que não houve êxito devido aos meios adotados. Neste sentido, o presidente russo não foi capaz, até o momento presente, de desmilitarizar ou “desnazificar” a Ucrânia, e nem de impedir o alargamento da NATO. Diante deste cenário complexo, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky mantém uma postura firme, opondo-se a negociar um cessar-fogo que acredita beneficiar apenas a Rússia. Assim sendo, enquanto a Ucrânia reúne esforços para unir-se à UE, a tensão permanece elevada, com os objetivos de Putin não realizados e um cessar-fogo ainda distante.
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