As sanções internacionais têm sido utilizadas, cada vez mais, como uma parte importante do arsenal diplomático entre países, com o objetivo de influenciar o comportamento de um certo país ou entidade. Estas sanções funcionam através de algum tipo de restrição seja ela comercial ou económica.
As sanções internacionais são utilizadas como forma de repudiar e punir ações de governos ou organizações de outros países, tendo como fim um objetivo político ou comercial, sendo então utilizadas como uma forma de pressão para que o alvo altere a sua postura no que diz respeito a um determinado assunto ou ação que é visto como uma problemática para outros países. Com as sanções o país que impõe a sanção tenciona que sejam cumpridas as suas exigências através de uma ação não militar, enfraquecendo o alvo. As sanções internacionais subdividem-se em vários grupos podendo ser diplomáticas, militares, desportivas, económicas ou comerciais.
Este tipo de restrições leva a que existam alguns impactos que afetam as relações entre os atores do cenário político mundial. Ocorre um aumento das tensões diplomáticas entre os atores podendo isto levar a uma retaliação das sanções podendo isto culminar num escalar do conflito, dificultando o diálogo e a cooperação entre os países. As sanções mais utilizadas, no que diz respeito aos Estados, são as sanções a nível comercial e económico, sendo também estas que causam um impacto muito superior nas importações e exportações de um país, podendo afetar de uma forma direta as transações comerciais e a economia global, um exemplo disto foram as sanções aplicadas à Rússia, em consequência da invasão militar ocorrida na Ucrânia em 2019, essas sanções geraram uma crise global com uma ascensão da inflação, devido ao facto de existir a necessidade de se recorrer a fornecedores suplementares dos bens que eram fornecidos pela Rússia.
Fonte: Poder360
Ao longo da história ocorreram vários casos da utilização de sanções internacionais como forma de pressão sobre alguns países. No caso da Rodésia do Sul, atualmente Zimbabwe, que em 1965 conquistou a sua independência do Reino Unido, foi alvo de sanções três anos após a independência, tendo sido proibida qualquer relação económica com o país. Outro caso é o do Iraque que em 1990 foi alvo de diversas sanções por parte do Conselho de Segurança da ONU, sanções essas que afetaram a esfera financeira, militar e económica despoletando num embargo total ao país, estas sanções surgiram em consequência da invasão que o Iraque fez ao Kuwait e que veio, em 1991 a culminar na Guerra do Golfo. Atualmente, a grande maioria das sanções já foram retiradas permanecendo somente algumas que dizem respeito à produção de armamento, seja ele nuclear, biológico ou químico. Em 2006, devido à realização do seu primeiro teste nuclear, a Coreia do Norte foi também alvo de sanções por parte da ONU, que impôs medidas comerciais no mercado de produtos de luxo. Estas medidas levaram a que os envolvidos no programa nuclear do país fossem afetados de forma direta, pois tiveram fundos de investimento congelados. Apesar dos enormes esforços por parte da ONU, a Coreia do Norte continuou com as suas ações de desenvolvimento no que diz respeito ao seu programa nuclear. Mais recentemente o país voltou a ser alvo de sanções, desta vez por parte da União Europeia, pois esta considera que o programa nuclear do país é um perigo para a segurança internacional. Ainda mais recentemente, em abril de 2024, a União Europeia aprovou um novo conjunto de sanções contra o Irão, como uma forma de retaliar a nova ofensiva contra Israel. Estas sanções têm como objetivo reduzir a exportação de mercadorias que são utilizadas na construção de drones ou mísseis balísticos utilizados em combate. Anteriormente também foram aplicadas outras medidas como a proibição de viagem e congelamento de bens a pessoas envolvidas na produção dos veículos aéreos não tripulados (UAV).
As sanções internacionais desempenham então um papel fundamental no que diz respeito à diplomacia numa esfera global, sendo utilizada como uma forma de exercer pressão sob entidades ou países que praticam ações prejudiciais para outros países, porém o uso das mesmas pode gerar impactos negativos para a entidade que exerce as sanções numa espécie de “efeito espelho”, podendo levar isto a um aumento do conflito e a um desperdício de recursos e a uma fragilização das relações diplomáticas, sendo isto observável nos exemplos apresentados, nomeadamente no da Rússia que oferece insights sobre a aplicação de sanções e os efeitos que a mesma teve tanto na Rússia como nos países que impuseram as sanções, levando a que o status quo não se alterasse consoante o expectado.
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