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China: Nova Potência Global e os Desafios à Ordem Mundial

Foto do escritor: Daniel LopesDaniel Lopes



 

A ascensão da China como uma potência global inegável é um fenómeno que não só não pode ser ignorado, como é um facto no contexto geopolítico atual. Este fenómeno no poder mundial não só desafia, mas redefine as estruturas de poder estabelecidas após a Segunda Guerra Mundial. Nesta análise, explorarei como a ascensão da China está a remodelar o cenário internacional e os desafios inerentes à ordem mundial existente.

A relevância deste tema é indiscutível. A China emergiu como a segunda maior economia do mundo, alimentada por um crescimento económico impressionante e sustentado. Este crescimento não se limita apenas ao domínio económico, mas também se reflete na sua influência política, militar e tecnológica à escala global e regional. A presença chinesa, especialmente na região Ásia-Pacífico, desestabiliza os equilíbrios de poder tradicionais, gerando um estado constante de ansiedade entre os atores dominantes.

Desta forma, a ascensão da China representa um desafio direto à ordem mundial liderada pelos Estados Unidos da América e os seus aliados. Enquanto os EUA continuam a ser a principal superpotência mundial, a China está a tentar quebrar a hegemonia ocidental ao impulsionar alianças alternativas e estruturas de governo globais, como o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB) e a Iniciativa do Cinturão e Rota (também conhecida como Nova Rota da Seda). Esta concorrência sistémica não só intensifica as rivalidades geopolíticas, mas também gera tensões significativas em setores estratégicos como a tecnologia e a segurança.

Um dos principais desafios que esta ascensão coloca é a questão do modelo de desenvolvimento. Enquanto as democracias liberais baseadas nos direitos individuais e na transparência lutam para justificar sua eficácia, a China oferece um modelo alternativo: o autoritarismo com foco num modelo de eficiência máxima. O sucesso económico chinês, embora impressionante, levanta questões preocupantes sobre o preço a pagar em termos de direitos humanos, liberdades e meio ambiente. Tudo isto põe em causa a legitimidade de os regimes democráticos manterem relações comerciais/institucionais com a China.

Para além disso, a ascensão da China está a redefinir as normas internacionais, especialmente no que diz respeito à segurança e à ciber segurança. A expansão de tecnologias chinesas, como a Huawei, tem criado controvérsias sobre segurança e privacidade de dados, o que tem levado muitos países a repensar as suas políticas de telecomunicações e redes. Esta luta pelo controlo tecnológico não só aumenta a divisão entre o ocidente e a China, mas também ameaça fragmentar o ciber espaço global.

A ascensão da China também tem implicações profundas no sistema internacional de segurança. À medida que a China expanda a sua presença militar e projeta o seu poder além das suas fronteiras, surgem novas dinâmicas de segurança que desafiam a estabilidade regional e global. O Mar da China Meridional é um exemplo dessa dinâmica e a construção de ilhas artificiais e a militarização dessas áreas por parte da China têm gerado tensões crescentes com países vizinhos, como Vietname, Filipinas e Taiwan, além de provocar preocupações nos EUA e noutros atores globais. A procura por recursos naturais, como petróleo e gás, e o controlo de rotas marítimas estratégicas estão no centro dessas tensões. A expansão do poder naval chinês desafia diretamente a presença militar dos EUA na região, o que pode potencialmente levar a confrontos e escaladas de tensão.

A crescente presença chinesa noutras regiões, como África e América Latina, também está a alterar o equilíbrio de poder e a dinâmica geopolítica global. Através da Iniciativa da Nova Rota da Seda e de outras formas de investimento e cooperação, a China está a estabelecer laços económicos e políticos profundos com países em desenvolvimento. Contudo isso pode trazer benefícios económicos para esses países, também levantar preocupações sobre a dependência económica excessiva da China e a exploração de recursos naturais sem considerações ambientais ou sociais. Além disso, a presença chinesa em regiões estratégicas pode desafiar a influência tradicional de potências ocidentais e criar pontos de fricção geopolítica.

São tempos difíceis e complexos para a relação Ocidente-Oriente, a ascensão da China está a redefinir as dinâmicas de poder e a influência a nível global de maneiras profundas e complexas. Do ponto de vista político, económico e estratégico, a presença crescente da China está a desafiar a ordem mundial estabelecida liderada pelo Ocidente, que pode criar oportunidades e desafios para os atores globais. Lidar com essa ascensão requer uma abordagem cuidadosa que promova a cooperação onde possível, e defenda os interesses e valores fundamentais onde for necessário, mas sabendo que existe na China uma linha muito ténue na questão dos valores morais e de dignidade humana e uma relação com a democracia inexistente.

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