Em 2013 o Partido Comunista Chinês celebrou os dez anos do seu maior feito geoestratégico e geopolítico de expansão da sua esfera de influência, a Belt and Road Iniciative (BRI). Contudo, antes de poder descrever uma iniciativa denominada de Plano Marshall Chinês numa conferência em 2013 no Cazaquistão é necessário fazer uma breve contextualização da situação socioeconómica vivida à luz da época.
A China de 2013 saia de uma época de uma extensa expansão do seu poder económico invejando os seus parceiros asiáticos e rivalizando com os EUA a posição de maior economia mundial contudo, esta posição de superioridade económica tem vivido tempos conturbados tendo, logo em 2004, dado os primeiros sinais de uma possível recessão na cidade de Guangdong onde começou a haver escassez de trabalhadores nas indústrias manufaturas, para além disso, a China no decorrer da sua expansão económica veio a acumular enormes reservas de capital tendo sido uma das economias mais rápida a alcançar um valor de 4 triliões de dólares num espaço de 10 anos.
Desta forma, no ano de 2013 a China de Xi Jiping lançou as primeiras bases do que seria a BRI, esta iniciativa via colmatar a falta de trabalhadores nas fábricas manufatoras alocando recursos financeiros em países estrangeiros onde a mão-de-obra seria mais barata como é o caso do Vietname, outra das principais bases da BRI é colmatar a falta de recursos minerais que a China têm investindo em países ricos em recursos minerais como é o caso de diversos países da costa oriental africana. Assim, a BRI serve não só como uma forma da China expandir e introduzir os seus produtos em novos mercados, especialmente em mercados em expansão como é o caso da Ásia Central e África, como também serve de expansão da sua esfera de influência visto que a BRI constitui a sua principal forma de atuação à base de empréstimos dados a países nas áreas de construção de infraestruturas fulcrais para o desenvolvimento (portos, caminhos de ferro, etc), para além da concessão de empréstimos para a construção de infraestrutura a BRI efetua também acordos bilaterais entre a China e os 150 países que a BRI abrange nas áreas da energia e exploração de recursos minerais necessários para o desenvolvimento de setores estratégicos para a economia chinesa.
Como foi reiterado acima a BRI abrange cerca de 150 países concentrado em si 40% do PIB mundial, desta forma, a China de Xi Jiping incorpora novamente em si o espirito e o legado da histórica Estrada da Seda que envolvia a China Imperial e os diversos países europeus e do Médio Oriente englobando, já nessa altura, toda a economia global em lucrativas rotas comerciais com a China.
A dimensão megalómana da BRI tem três principais áreas geográficas de atuação que são, a Ásia Central, Europa e o continente Africano. A conectividade ferroviária nunca foi tão importante para a China como agora, visto que, o transporte ferroviário não tem os problemas de conectividade que o transporte marítimo tem, tradicionalmente, desta forma, a BRI em cooperação com diversos países tem acentuada a sua presença na Ásia Central, em especial países como o Cazaquistão, Irão e Paquistão como principais hubs ferroviários e portas a possíveis mercados no continente europeu, assim, é igualmente importante de frisar a extrema importância das relações entre a Rússia e a China, visto que, uma das principais rotas ferroviárias entre a China e a Europa é através dos caminhos-de-ferro russos, mais especificamente a linha ferroviária transiberiana. Já no continente europeu os parceiros da China tem florescido com as perecerias potencializadas pela BRI como é o caso da Hungria onde se localiza o maior centro de transportação da Huwei fora da China, e a Grécia onde a companhia chinesa COSCO é a dona do maior porto grego transformando este num dos mais importantes portos comerciais da Europa do Sul e do Mediterrâneo Oriental, desta forma, a China procura também retirar poder de competição aos grandes portos do Norte da Europa, consolidando assim a sua esfera de influência a Estados-Membros da União Europeia, podendo desta forma evitar as restrições impostos pela União Europeia a produtos chineses.
Contudo, apesar da estratégia chinesa ser de expansão de mercado e da sua esfera de influência muitos são os riscos tendo os EUA declarado a BRI como uma armadilha financeira. Estas declarações apesarem de surgir num clima de escalada de tensão entre as duas potências não surge em vão, visto que, existem vários relatos de diversos países em que devido às elevadas taxas de juro, para além disso, os contratos celebrados entre Pequim e países aderentes aos acordos do BRI poderá, a qualquer momento, a China exigir o reembolso das dívidas contraídas, caso os países não consigam pagar o reembolso pedido a China retém os projetos construídos como foi o caso do Paquistão com o porto de Gwadar e com o Sri Lanka com o novo porto de Columbo, onde, a China aproveitou a sua reconversão para uma base militar
Assim, apesar da Belt and Road Iniciative ser considerada como o Plano Marshall Chinês as suas reais intenções para com os países em desenvolvimento é de aumentar a sua esfera de influência para que, em caso de necessidade, países membros da BRI alinhem-se favoravelmente a decisões fulcrais para a soberania chinesa como é caso de Taiwan.
Comments