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As relações de segurança na Ásia Oriental e o programa nuclear norte-coreano

Foto do escritor: carolina lopescarolina lopes

Atualizado: 17 de mar. de 2024




O programa nuclear da Coreia do Norte serve de muito a Kim Jong-un: é um elemento dissuasor perante as ameaças externas, funcionando como uma forte ferramenta de negociação diplomática, além de, internamente, ser uma base para o fortalecimento nacionalista e de apoio ao regime, pois é através do programa e da propaganda que daí advém que se bombardeia a população norte-coreana que só o atual líder pode defender a nação contra agressão imperialista norte-americana. 


Oficialmente República Popular Democrática da Coreia, é com uma posição recalcitrante que o país entra em negociações relativamente ao tema. Aliás, as ameaças e sanções económicas e até diferentes resoluções do Conselho de Segurança (sendo que já foram adotadas noves resoluções contra a Coreia do Norte em respostas às atividades nucleares e de mísseis) parecem reforçar Pyongyang a prosseguir o caminho contrário. Até à data, já foram testados 244 ensaios de várias armas, incluindo mísseis balísticos de curto, médio, intermédio e intercontinental alcance, além de outros lançados por submarinos, e já foram conduzidos seis testes nucleares desde 2006. 


Perante isto, o regime de Jong-un tem injetado uma urgência e criticidade ao ambiente de segurança e diplomático vivido na Ásia Oriental, levantado questões preocupantes sobre crescentes tensões militares, incerteza estratégica e uma corrida armamentista nuclear. O clima sentido é, assim, sumarizado por um desafio nuclear que fazem das tendências políticas subjacentes na Ásia preocupantes.


Para o Japão, a contínua possibilidade de um programa de armas nucleares da Coreia do Norte, juntamente com os lançamentos de mísseis ocorridos no passado e possivelmente no futuro, representa a ameaça mais grave e imediata à sua segurança. De facto, estamos a falar de um país que Pyongyang considera inimigo devido ao seu alinhamento com os Estados Unidos da América, sendo o país nipónico um apoio logístico aos americanos no continente, e com a Coreia do Sul, de modo a realizar uma resposta coordenada à estratégia nuclear norte-coreana.


Diante da ameaça, o Japão tem implementado um conjunto de medidas, existindo uma forte ênfase na defesa antimíssil e nos seus sistemas de proteção. Na resposta diplomática, a página oficial do Ministério de Negócios Estrangeiros nipónico, que não é atualizada há 4 anos, indica que o Japão procura normalizar as suas relações com a Coreia do Norte. De facto, as relações entre os dois países parecem paralisadas, não existindo algum movimento exorbitante entre negociações. Por outro lado, parece que Tóquio, Washington e Seul continuam a reforçar laços e a expandir a cooperação.


Já as relações entre os países da Península da Coreia demonstram um agravamento significativo. Pyongyang votou a favor, o mês passado, de abolir todos os acordos de cooperação económica, após nomear Seul o seu principal inimigo e ameaçar ocupar o país do Sul num eventual conflito. Os desafios diplomáticos entre os vizinhos são profundos e a desconfiança, exacerbada por anos de hostilidades e substanciais diferenças ideológicas, além da falta de transparência e imprevisibilidade norte-coreana, coloca uma pressão adicional nas relações entre os países.


Por sua vez, os laços entre a China e a Coreia do Norte têm sido marcados por uma complexidade e ambiguidade ao longo dos anos. Embora o tratado Sino-Norte-Coreano de 1961 exija que a China intervenha em caso de agressão não provocada contra a RPDC, Pequim tem procurado persuadir a capital norte-coreana a revogar a cláusula. Em 2018 notou-se uma melhoria nas relações dos países, mas sem avanços significativos. Não obstante a isto, desde a rutura do Comprehensive Military Agreement, Pyongyang tem intensificado os seus testes militares, gerando preocupação em Pequim. Posto isto, a verdade é que a estabilidade na península coreana é considerada o principal interesse chinês, já que o apoio da segunda maior economia mundial à Coreia do Norte serve como uma espécie de tampão na difusão dos valores e intervenções do sul democrático. Claramente, ainda que os chineses prefiram que Pyongyang não possua armas nucleares, o maior medo do regime chinês é o colapso do regime da RPDC e uma aliança com os norte-americanos, que nasceria de uma reunificação coreana.


Apesar das mudanças e relações que podem acontecer da Ásia Oriental, a verdade é que a situação de segurança na região permanece altamente delicada devido às vontades nucleares de Pyongyang, existindo tanto um clima de instabilidade e incerteza na região, hiperbolizado pela persistência da Coreia do Norte em manter firme o seu programa nuclear, ainda que sejam contínuos os esforços para uma desnuclearização completa e verificável.


É necessário, então, uma abordagem, diplomática forte e robusta, não só pelos países da região como de outras potências aliadas aos mesmos, procurando fazer Pyongyang abandonar o programa nuclear em troca de garantias em termos de segurança e até com incentivos económicos, fazendo pressão sobre o sistema norte-coreano de forma contínua, sempre tendo em vista uma construção de um clima de confiança para uma solução pacífica para os milhões de cidadãos afetados pelo que seria um desastre nuclear de dimensões nunca vistas.

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