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A Rússia e o uso do nuclear

Foto do escritor: Maria RendasMaria Rendas

Atualizado: 26 de abr. de 2024


Armas nucleares não é uma expressão nova. A história mundial conta-nos como Hiroshima e Nagasaki foram destruídas por duas bombas nucleares lançadas pelos Estados Unidos em 1945 contudo, o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) assinado em 1968 teve como propósito o desarmamento dos países com armas nucleares. Estamos em 2024, 79 anos depois dos bombardeamentos no Japão e, mais do nunca, ouvimos falar de armas nucleares. Qual será o futuro?

Fonte: Getty Images

No dia 14 de fevereiro, os Estados Unidos partilharam com o Congresso e com os demais aliados que a Rússia está no processo de desenvolvimento de uma arma nuclear antissatélites para lançar para órbita. Para além de ameaçar o funcionamento dos quase 7.800 satélites multinacionais que já existem em órbita – satélites meteorológicos, de navegação e militares – esta ação viola o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) com mais de meio século.


Desde o início da Guerra entre Ucrânia e Rússia a 24 de fevereiro de 2022 que a expressão de armas nucleares é usada para demonstrar o agravamento da situação. A 22 de setembro de 2023, foi noticiado que os Estados Unidos, a China e a Rússia estariam a aumentar a movimentação em locais de testes nucleares. Este aumento nestes locais significa que "Estamos a ver muitos indícios que sugerem que a Rússia, a China e os Estados Unidos poderão retomar os testes nucleares", afirmou Jeffrey Lewis, professor adjunto do Centro James Martin de Estudos de Não Proliferação do Instituto de Estudos Internacionais de Middlebury.O principal problema desta escalada de violência é o início de atividades por várias potências se uma der o primeiro passo no uso desta. Hans Kristensen, diretor do Projeto de Informação Nuclear da Federação de Cientistas Americanos afirma que "No minuto em que uma das principais potências nucleares colocar uma arma nuclear em algum lugar, todas as apostas estão canceladas, porque não há́ dúvida de que todos se juntarão novamente a essa atividade".


Contudo, Vladimir Putin nega as acusações feitas pelos Serviços Secretos Americanos no passado dia 14 de fevereiro afirmando que “A nossa posição é clara e transparente: sempre fomos categoricamente contra e agora somos contra a implantação de armas nucleares no espaço”.


Sendo ou não uma verdade, este tema foi levado à Conferência de Segurança de Munique pelo Secretário de Estado Americano Antony Blinken que alertou para o perigo deste tipo de arma. Não seriam afetados apenas os satélites americanos mas sim os dos vários países com atividade espacial e, relativamente a danos nas populações este potencial ataque perturbaria os sistemas de comunicação e os geradores de emergência que, iria perturbar os serviços de emergência.


Relativamente ao historial desta arma em específico, devido ao Tratado do Espaço Sideral (ou Tratado Internacional do Espaço Exterior) assinado em 1967, os mais de 100 países assinantes (incluindo os Estados Unidos, a Rússia e a China) estão proibidos de colocar qualquer tipo de arma nuclear no espaço e, segundo John Kirky, Porta-Voz do Conselho de Segurança da Casa Branca "não se trata de uma capacidade ativa que tenha sido utilizada, e apesar de ser perturbador o facto de a Rússia manter esta particular capacidade, de momento não existe qualquer ameaça à segurança".


As autoridades norte-americanas acreditam que a Rússia, antes da invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, testou um tipo de arma nuclear contudo, estas não conseguiram logo determinar se o teste era um ensaio para colocar uma arma nuclear no espaço. Em 2024, estas mesmas agências não estão de acordo sobre o que se pode seguir nos planos da Rússia. Umas acreditam que Vladimir Putin pode lançar uma arma “fictícia” (Dummy) nunca esclarecendo se esta é real ou falsa, tornando uma possível resposta da NATO mais difícil.


As relações entre os dois países – Estados Unidos e Rússia – tem vindo a deteriorar-se com várias ameaças da Rússia com o uso do nuclear e com os Estados Unidos a aplicarem sanções. Em 2023, Vladimir Putin suspendeu a observação da Rússia no Tratado START – que tem como propósito limitar o tamanho dos arsenais nucleares dos Estados Unidos e da Rússia. Esforços estão a ser feitos para dissuadir a Rússia de implementar esta arma nomeadamente através da Índia e da China – dois países que mais se relacionam com a Rússia.


A conversa sobre uma possível arma nuclear em órbita levanta questões e preocupações sobre um novo tipo de armas e novas tecnologias – incluindo a inteligência artificial – que poderiam ser usadas como ameaça nuclear.


O uso de armas nucleares ou o simples teste das mesmas representa graves riscos para a população mundial. Como resultado destes riscos, o Relógio do Juízo Final – criado em 1947 representa a destruição do mundo por uma guerra nuclear apresenta um risco mais elevado de destruição da humanidade do que aquela registada em 1953.


Fonte: Getty Images

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