Na atualidade podemos ver que grande parte das relações que se estabelecem internacionalmente são definidas por uma grande complexidade de interesses nacionais, estratégias geopolíticas e dinâmicas que estão em constante mudança.
Ao longo dos anos a relação entre a Índia e os EUA tem se desenvolvido cada vez mais, devido a interesses comuns que ambos partilham. Apesar desde a independência da Índia, os dois países terem seguido trajetórias distintas em vários pontos cruciais da história, levando a que a sua relação se tenha baseado em diversas fases de cooperação e desconfiança.
Esta relação para os EUA sempre foi de grande importância pois como vários lideres dos EUA referiram liga a “Democracia mais antiga do mundo e a maior democracia do mundo”, referindo ainda varias vezes que ambos partilham de valores democráticos semelhantes e que a sua relação seria fortalecida devido aos mesmo. Embora seja observável atualmente uma tendência de declínio nos valores democráticos na Índia ao longo dos anos, sob a liderança do primeiro-ministro Modi. Levando a que a estratégia que os EUA sempre defenderam não se possa basear mais nestes valores.
Apesar dos valores que ambos partilhavam serem cada vez mais distintos, podemos ver que a relação dos dois esta cada vez melhor, pois identificaram uma ameça em comum, a China, e ambos reconheceram que mediante uma colaboração mútua conseguem enfrentar a ameaça que a China tem vindo a representar para ambos.
Apesar de varias vezes a Índia ter adotado uma posição divergente dos EUA, como por exemplo com a invasão da Rússia à Ucrânia, onde a Índia fez a compra de sistemas de segurança russos apesar da ameaça de sanções por parte dos EUA e a sua abstenção em varias votações decisivas da ONU, após a invasão à Ucrânia, e ainda o aumento por parte da Índia na compra de energia russa, a relação destes dois países como Joe Biden, o atual presidente dos EUA, salienta é “mais forte, mais próxima e mais dinâmica do que nunca”.
Como podemos observar, ambos os países tem recentemente usado esta relação para fortalecer os seus interesses nacionais, cooperando entre si, como podemos ver com o acordo que foi feito quando Narendra Modi visitou os EUA em junho de 2023, onde foi anunciado o fim de seis diferendos comerciais na Organização Mundial do Comércio (OMC), e onde também eliminaram as barreiras alfandegárias que se impunham mutuamente.
Recentemente tanto a Índia como os EUA, querem fortalecer os laços económicos e militares, onde Biden já deixou bem claro que a Índia é um parceiro essencial para enfrentar alguns dos maiores desafios globais, incluindo o combate às alterações climáticas, a regulamentação da inteligência artificial e o crescente poder da China no Indo-Pacífico.
Tanto o primeiro-ministro indiano como o presidente americano têm demonstrado grande preocupação com o crescente poder da China no Indo-Pacífico e nas atividades militares chinesas ao longo da fronteira de Himalaia e no Oceano Pacífico, onde até já houve hostilidades e os EUA prestaram apoio e fornecimentos, na sequência do confronto de Galwan, em junho de 2020, ao longo da Linha de Controlo Real (LCR) entre a China e a Índia, que levou à morte de 20 militares indianos.
Nas últimas duas décadas houve uma convergência estratégica entre os dois países, com um investimento para aprofundar a interoperabilidade e a coordenação logística, nomeadamente através de acordos de defesa como o Communication Compatibility and Security Memorandum Agreement (COMCASA) que expandiu a partilha bilateral de informações, e o Logistics Supply Agreement (LEMOA) de 2016, que levou ao aumento do comércio e investimento na área da defesa, cooperação marítima, exercícios complexos, intercâmbios tecnológicos e a designação da Índia como "Parceiro de Defesa Importante" pela administração Obama.
Apesar de atualmente a relação da Índia e dos EUA se mostrar forte, é preciso ter prudência devido aos desafios que surgiram no passado e aos potenciais obstáculos que poderão surgir no futuro. Como interesses distintos, como por exemplo a participação da Índia nos BRICS, que surgiu como uma aliança para promover uma ordem mundial mais diversificada desafiando o domínio económico e político exercido pelos EUA e outras potências ocidentais.
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