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A Diplomacia Cultural e a importância do Camões I.P. na Política Externa de Portugal: o Soft Power aplicado na CPLP

Foto do escritor: Madalena Caldeira BataneteMadalena Caldeira Batanete

Atualizado: 8 de mai. de 2024


No contexto atual da globalização e do mundo globalizado em cuja substância habitamos, a cultura e a diplomacia promovidas através das relações entre Estados – transversalmente por organizações internacionais, empresas, instituições de ensino e organizações não governamentais – situam-se no espectro do soft power. Para Joseph S. Nye, o conceito de ‘’soft power’’, definido no livro ‘’Soft Power: The Means to Success in World Politics’’ (2004), entende-se como a capacidade persuasiva de poder: o Estado é capaz de obter aquilo que pretende através de um efeito atrativo, não através da coerção, assentando assim no potencial atrativo no que concerne à universalidade cultural de um país, bem como dos seus valores políticos e das políticas vigentes.


A dimensão da Portugalidade. Fonte: Instituto Diplomático.


Num contexto de economia e política globalizadas, Portugal optou por dar início à sua plataforma de política cultural como ferramenta importante da sua política externa, fortalecendo a imagem tanto na Europa quanto no resto do mundo. Esta abordagem tão singular de modo a promover a língua e cultura portuguesa surge partindo de três diferentes perspetivas: a criação de uma ligação entre as comunidades portuguesas dispersas pelos quatro cantos do mundo; facilitar a interligação dinâmica entre o mundo lusófono; e funcionar como área de atuação no que concerne à cooperação para o desenvolvimento, aumentando, também, a visibilidade de um país tão pequeno em dimensões quanto o nosso.


O Estado desempenha um papel central nas políticas voltadas para o exterior, porém, sozinho, é mais limitado do que quando apoiado por forças internas, económicas e sociais. Contudo, para que essas forças sejam eficazes, é necessário que estejam alinhadas com os objetivos do país a nível global, ou seja, devem ter consciência do papel do Estado e do papel que desempenham. Isso só é possível através da promoção da presença cultural do país no exterior, não apenas como uma presença passiva, mas sim ativa, em consonância com os valores e projetos estrangeiros.


Fachada do Camões I.P.


O Camões I.P. surgiu no ano de 2012 a partir da fusão entre o Instituto Camões e o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento. A sua principal missão reúne-se na responsabilidade de coordenação e execução de políticas de cooperação e promoção da língua e da cultura portuguesa no estrangeiro.


Linha temporal da criação do Camões I.P., até ao momento presente.


A História da lusofonia não é, de todo, recente. A nossa língua foi criada a partir de longos laços ancestrais. Sendo um valioso património linguístico e cultural, com uma influência global inegável, existem várias instituições nacionais e transnacionais que se dedicam essencialmente à promoção de políticas linguísticas e culturais externas de Portugal. Assim, o Camões I.P. continua a ser uma das principais referências nesse quesito, principalmente neste momento em que o português é a quinta língua mais falada no mundo.


A importância da língua portuguesa no mundo. Fonte: Camões I.P.


A relevância do Instituto Camões enquanto protagonista na promoção do património linguístico e cultural português, assim como na defesa e proteção da lusofonia, é inegável. As Cátedras do Camões mantêm os Estudos Portugueses em 35 universidades pelo mundo, abrangendo distintas áreas científicas como, por exemplo, a História, a Linguística e a Literatura. Os Centros de Língua Portuguesa oferecem apoio logístico para a realização de atividades educativas, culturais e científicas, sendo disponibilizados recursos como acervos musicais e bibliotecas para as comunidades. Existem também os programas de bolsas Camões, disponíveis para cidadãos nacionais e estrangeiros, onde se incluem cursos anuais de Língua e Cultura portuguesas, para além do apoio à pesquisa e investigação. São também financiadas exposições itinerantes, projetos e cooperações dos mais variados tipos com instituições internacionais. Para além de todos estes parâmetros, também no campo editorial vigora o Programa de Apoio à Edição, traduzindo autores de língua portuguesa para outros idiomas e publicando monografias acerca de temas culturais portugueses. O Camões I.P. coordena também a rede de ensino português no estrangeiro, assinando protocolos com o objetivo de criação de novos departamentos de Estudos Portugueses, bem como fornecendo apoio aos Centros de Língua Portuguesa. Todas estas iniciativas visam fortalecer o ensino da língua portuguesa como língua não materna e também fortalecer os laços entre Portugal e as comunidades lusófonas.


Exemplo de uma atividade promovida pelo Camões I.P., neste caso na Beira, em Moçambique.


As políticas culturais são resultado de um esforço sistemático e amplo estatal de modo a estabelecer organismos públicos que consigam difundir a sua propaganda intelectual e cultural. No caso português, a política cultural é indubitavelmente uma das principais prioridades de política externa, sendo o Instituto Camões o principal organismo responsável por difundir não só a língua e a cultura, como também por reforçar a identidade e a imagem portuguesa no mundo.

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