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A Crise Humanitária na República Centro Africana: Um Grito Ignorado pela Comunidade Internacional

Foto do escritor: Beatriz CyrinoBeatriz Cyrino

Atualizado: 15 de mar. de 2024



Crianças refugiadas da República Centro Africana.  Foto: UNHCR/Chiara Cavalcanti.


A República Centro-Africana (RCA), situada na África Central e sem litoral, faz fronteira com mais de cinco países e tem uma população estimada em 5,457 milhões de habitantes, conforme dados do Banco Mundial de 2021. Rica em recursos naturais, como Ouro e Urânio, a região é palco de disputas territoriais e conflitos internos, pouco divulgados pela média e comunidade internacional. 


O país conquistou a sua independência face a França na década de 1960 e, desde então, é assolado por uma enorme crise política e social. O culminar do conflito deu-se a partir de 2003, quando o então Presidente democraticamente eleito, Ange-Félix Patassé foi deposto através de um golpe de estado liderado pelo General François Bozizé. A partir deste momento, o país entrou em guerra civil entre as forças armadas e o grupo rebelde Saleka.


Em 2013 deu-se um novo golpe de estado, agora liderado pelos Saleka com o argumento de que o Presidente François Bozizé não estava a cumprir os acordos de paz, presentes na Resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) feito após a primeira guerra civil. O país então, novamente, afastava-se de qualquer esperança de reconciliação e paz.


A forma violenta na qual o grupo Saleka atua, através da violência e repressão, juntamente com a democracia fragilizada em meio a décadas de governos autoritários, levaram ao país a entrar em declínio, no qual mais de 79% da população vivem abaixo do limiar da pobreza, com menos de 2 dólares por dia para se manterem. Segundo a Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), desde 2014, mais de 740 mil pessoas deixaram o país em busca de segurança e melhores condições de vida, iniciando-se assim, uma das maiores crises de refugiados no coração da África.

Na maioria das vezes, os grupos armados atacam civis em vez de se atacarem mutuamente. Eles atacam funcionários e instalações de saúde e educação, mesquitas e igrejas, bem como sítios onde as pessoas deslocadas procuram abrigo.” - UNICEF 

Boina azul da ONU em missão de paz na República Centro-Africana (Foto: MINUSCA/Leonel Grothe)


Face a escalada crescente de refugiados e violência no país, em dezembro de 2013, a União Africana, junto com países europeus como Portugal e França, se reuniram com o Conselho de Segurança da ONU de modo a criarem estratégias de apoio a República Centro Africana. Desde 2014, a cooperação internacional, notadamente através da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a República Centro-Africana, desempenhou um papel vital na mitigação dos impactos devastadores da guerra, com mais de 14 mil operacionais envolvidos, incluindo militares, civis e voluntários presentes em terreno para apoiar a população.


O acordo de paz assinado em fevereiro de 2019, sob a liderança do Presidente Faustin Archange Touaders, em conjunto com os principais grupos rebeldes, alimentou o motor da esperança de um futuro próspero para a população a República Centro Africana, representando um passo crucial rumo à estabilidade política e social.


No entanto, a sua eficácia depende da implementação diligente das medidas acordadas e do compromisso contínuo de todas as partes envolvidas, de modo a garantir a conformidade e a sustentabilidade das ações empreendidas. As tensões persistentes e os atos de violência ressaltam a urgência de um diálogo construtivo e do apoio contínuo da comunidade internacional. É crucial que todas as partes se comprometam com uma abordagem cooperativa e orientada para soluções, visando resolver as questões subjacentes e promover a reconciliação e a estabilidade a longo prazo.


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