No dia 5 de Abril, a embaixada mexicana em Quito, no Equador, foi invadida pela polícia local com o objetivo de deter Jorge Glas, ex-vice-presidente equatoriano, que havia requisitado asilo ao governo mexicano.
Condenado duas vezes, em 2017 e 2020, Glas foi acusado de vários crimes, entre eles, de corrupção, sendo exemplo o caso de ter desviado dinheiro público que deveria ter sido utilizado para a reconstrução de cidades que foram atingidas por uma catástrofe natural. Em sua defesa, contra-argumentou que a sua situação somente se tratava de uma perseguição política. Foi condenado a um total de 14 anos de prisão, mas após 4 anos e meio foi-lhe concedido Habeas corpus que fez com que continuasse a cumprir a sua pena mas desta vez no seu domicílio. Em 2023, após a eleição de Daniel Noboa, um extremista de direita, para a liderança do Equador, o ex-vice-presidente toma a decisão de pedir auxílio à embaixada mexicana.
Após a embaixada mexicana ter concedido asilo ao político, era necessário que o governo de Daniel Noboa apresenta-se o salvo-conduto a Glas - documento emitido pelas autoridades de um estado para que o cidadão possa sair em livre-trânsito do país, inibe que o mesmo seja preso ou impedido de sair durante a sua transição - no entanto, o mesmo não se sucedeu, o presidente equatoriano recusou-se a fazê-lo, tendo horas mais tarde assaltado a embaixada e detido Jorge Glas.
Fonte: BBC
A invasão à embaixada por parte do Equador foi uma violação do direito internacional, dado que, de acordo com a Convenção de Viena, as autoridades locais não podem entrar nas propriedades diplomáticas de outros países sem o consentimento dos mesmos.
Após o incidente, o México cortou relações com o Equador, dando que falar no palco internacional. Vários vizinhos, como o Brasil e a Colômbia condenaram a ação do governo equatoriano, ambos acreditam que este tenha sido um ato gravíssimo que violou acima de tudo o direito ao asilo. A estes juntaram-se Cuba e Venezuela.
Recentemente o México solicitou ao tribunal superior da ONU que cessasse a adesão do Equador até que o mesmo prestasse um pedido público de desculpas pelo sucedido.
Numa breve análise, apesar de o Equador ter violado dois importantes direitos internacionais, a situação encontra-se estável no que toca ao conflito.
Uma vez que a tensão entre os países já vem desde das eleições de 2023, era imprevisível o rumo que o acontecimento poderia ter suscitado, no entanto, ambos o Equador e o México já demonstraram abertura para a reconciliação, não tendo em vista alastrar o desentendimento. Não obstante, cada um segue com opiniões diferentes, não abrindo mão de certos pontos que consideram importantes, o Equador acredita que não esteve errado em deter o ex-vice-presidente porque o mesmo tinha um mandado de prisão, chegando a referir que a embaixada mexicana abusou dos seus “privilégios”, como foi descrito num comunicado feito pela presidência do Equador, assim, afirma que a justiça tem de ser feita e os criminosos devem ser punidos. Por outro lado, o México, não abre mão do pedido de desculpas.
Referências :
BBC news brasil. (2024, April 6). Equador-México: o que está por trás da crise diplomática e quais suas possíveis consequências. BBC News Brasil. https://www.bbc.com/portuguese/articles/c2q7qgkx923o
Reuters. (2024, April 11). México pede que Equador seja suspenso da ONU por invasão à embaixada em Quito. CNN Brasil. https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/mexico-pede-que-equador-seja-suspenso-da-onu-por-invasao-a-embaixada-em-quito/
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